23 dezembro, 2012

2013, tanto faz.

(Não leiam, é apenas um desabafo). 

Sem expectativas, sem planos. Assim, pela primeira vez, me preparo para o próximo ano. Não estou fazendo nenhum tipo de melodrama mas é que cansei mesmo de todo fim de ano pensar em coisas novas pra fazer, posturas novas pra assumir, o que comprar, pra onde ir, o que fazer. Sim, eu sei que projetos são importantíssimos, metas existem para serem supridas e objetivos para serem alcançados. Mas não estou afim cara, não hoje, nem provavelmente amanhã, nem depois. Gostaria mesmo que todos parassem de me perguntar coisas desse tipo e parassem de narrar e planejar suas trajetórias perto de mim também.
Fiz tantos planos e nada deu certo, outros que nem fiz, ganhei de presente. Sei que essa é mais uma fase minha de auto-crise-psicológica que vai demorar pra passar assim como todas as outras, só queria que entendessem que não é nada fácil levar os dias se arrastando, calada, com um sorriso no rosto ainda por cima para que todos acreditem que está tudo bem, porque não sou dessas de espalhar aos sete ventos os problemas e dificuldades que percorrem o meu caminho, até porque não conheço ninguém que poderia ajudar.
Choro, choro muito porque ainda são nas lágrimas que encontro saída, são elas que varrem a tristeza que tenho em mim até que a próxima tristeza apareça novamente. Não sou exagerada, muito menos dramática, mas eu é que sei que o passo e ainda assim consigo me manter forte e em pé. E se Deus não estivesse comigo, nem sei o que seria de mim. 

(Quero ler tudo isto daqui a algum tempo e ver que pelo menos alguma coisa mudou. Pra melhor, por favor.)

12 novembro, 2012

Lembranças embaraçadas


Abri meu livro preferido, o que você me deu. Ele estava lá na estante escondido para que eu evitasse lembrar você, mas não sei por que hoje foi inevitável. Aperto-o contra meu peito com uma força desigual, como se fosse um abraço que desejaria te dar e quase sem me tocar que as lágrimas escorrem pelo meu rosto, começo a lembrar de nós. Queria poder dizer que sinto tua falta e te levar para caminhar na areia da praia e você me perguntaria por que praia e eu responderia que praia é um lugar bonito e sossegado, combinaria com a gente. Mas eu sequer tenho coragem de pegar o telefone e perguntar qualquer coisa boba, ou se você está bem, ou qualquer outra desculpa que eu inventaria para ouvir a tua voz. Covarde demais eu sou, tanto que não tive coragem de enfrentar meu próprio orgulho para dar chance ao amor que crescia entre nós. Tanto que, se me arrependi, nunca tive coragem de pedir perdão. 
Hoje você anda por caminhos que só te levam pra longe de mim, porque eu, eu mesma peguei sua mão e te levei pra esse caminho achando que estava me protegendo, me guardando de sentimentos que não suportaria sentir. Você simplesmente obedeceu.
Anoiteceu e ainda estou aqui, sufocada em lembranças e passados que permanecem vivos como se fossem flores mal regadas que insistem em crescer. E tão logo murcham.
Volto a esconder meu livro, lembrar você ultimamente não anda me fazendo bem. Um dia, quem sabe, eu possa te olhar novamente nos olhos e sorrir como antes.

01 novembro, 2012


"Hoje eu acordei com uma vontade enorme de olhar no fundo dos seus olhos
E te pedir perdão
Por tudo que eu falei sobre o amor, sobre nós dois ou sobre o mundo
Às vezes eu perco a razão
É que eu não reparei quando você me protegia em silêncio
E eu não soube expressar o meu carinho o meu amor em palavras de novela
Mas quando a gente cresce, a gente aprende a dar valor a quem está perto."♪ 
(Detonautas)

21 outubro, 2012

Amor não-regado

- O vento vai dizer lento o que virá e se chover demais, a gente vai saber claro de um trovão se alguém depois sorrir em paz.♪  

Sei que não vai ser fácil tentar te convencer que quero acabar o que, pra mim, nem começou. Mas não dá mais para costurar uma relação em que só uma parte possui o maior sentimento, principalmente o de posse. Sou passarinho solto, gosto de voar, gosto de sentir que somente o céu é meu limite quando me ocupo em desvendar o mundo. Tenho medo de me arrepender porque de repente você pode ser o homem perfeito, o cara com quem sempre sonhei dedicar o Ultimo Romance de Los Hermanos, tendo a certeza de que eu estaria certa. Aquele que me levaria pra passear no fim de tarde na praça ou na praia ao lado dos nossos filhos. Aquele que seguraria minha mão debaixo da chuva e me levaria para qualquer abrigo mais próximo, a fim de que eu não molhasse os futuros finos cabelos brancos. Mas não sou tão sentimental a ponto de me auto-persuadir e deixar que todas essas definições românticas me confundam a cabeça. Bem queria ser, para acabar com esse mal de achar que não estou preparada para assumir um romance, um relacionamento sério, um alguém pra segurar a mão. 
Ontem estive doente, você não esteve aqui, assim como não esteve anteontem quando precisei de um abraço. Mas esteve em outros dias e outros momentos em que nem precisei, assim sem ser chamado, sendo meu porto seguro. O fato é que não estou acostumada a essas inconstâncias e na verdade sei que a elas, são tudo culpa minha. Sei que te faço instável, porque eu mesma sou instável, e sou ciente mais ainda que não é nada fácil conviver com alguém assim. Desculpa minha impaciência e incompreensão e tantos outros 'ins' que não me deixam completar nada entre nós. Desculpa se todos esse anos não fui e nem cheguei perto de ser o que você sempre sonhara com uma relação. Peço desculpas se te amo da minha maneira, da maneira mais desigual e incorreta que pude sentir.
O mundo lá fora já não torce como antes por nós, nada mais é como um dia já foi. Acho que nem você é mais aquilo que era e que eu sempre gostaria que fosse, embora não desse a mínima. Fomos nos perdendo por caminhos que não nos levaram a lugar algum.
Hoje acordei cedo e comecei a regar as flores do jardim improvisado da varanda, alguma coisa, pensei, haveria de crescer forte e amadurecer com o tempo, já que o nosso amor não passou de desajeitadas tentativas.

18 outubro, 2012

Alissa Tulipa


Pela janela do apartamento do penúltimo andar ela olhava as inúmeras luzes da cidade e os carros indo e vindo. Poderia ir ao menos na lanchonete da praça que fica a menos de 200 metros, comer seu famoso cheesecake e bater papo com alguém, mas solidão, pensava, solidão é sua grande companhia. Faz frio, ela prepara seu rotineiro café da noite, esquenta torradas e vai para a poltrona de camurça vermelha da sala, sua preferida. O telefone toca:
- Alô?
- Oi Alissa, a amante de tulipas.
- Oi John. Quanto tempo.
- Pois é, quanto tempo. Estava arrumando umas coisas aqui e achei uma foto nossa, aquela que tiramos naquela tarde ensolarada lá no Parque do Bom Menino, lembras?
- Lembro sim. Lembro que encontramos uma moça vendendo tulipas artificiais e...
- E você disse que eram lindas e o quanto gostaria que elas ali fossem naturais, para tocá-las, cuidá-las.
- É... você até comprou umas pra mim, me convencendo que pelo menos elas tinham a vantagem de que nunca iam morrer. 
- Verdade, ainda as têm?
- Sim, sim, estou olhando para elas agora, no vasinho da estante.
- Que bom. Não é por nada não, mas estou te achando tão, tão desanimada, triste. Aconteceu alguma coisa?
- Ando cansada, muito cansada.
- Estudando, trabalhando demais?
- Também, mas não é só isso. Ando cansada do vazio das pessoas, do mundo. Ando cansada da liquidez de muitos. Depois que você se foi, comecei a enxergar os arredores. Tudo muito fútil, muito artificial, as pessoas vivem focadas em coisas desinteressantes demais. Tudo é rótulo. Acho que na verdade sempre foi assim, mas com você era tudo tão mágico que eu nem percebia o mundo lá fora.
É triste, muito triste. Sou triste. Queria mesmo ser uma tulipa, daquelas bem vermelhas, para representar o amor, o amor verdadeiro, cuidadoso, bonito. Ando desanimada sim meu amigo, porque aqui tudo é ausência. Por isso fico só com meus poucos amigos, não por me achar superior ou auto-suficiente, você sabe que não sou dessas coisas, mas simplesmente por não querer me deixar corromper pela ausência de valores dos muitos que estão por aí. Às vezes, não raramente, até prefiro ficar só, eles, os meus amigos, quase sempre não me entendem, não me aceitam. Não os julgo, reconheço minha não-tradução. Mas e você John? Conte-me como andas. 
- (Silêncio).
- John? John, você está aí?
Toca o despertador, são 5:15 da manhã. Alissa faz o que é de costume, levanta-banho-café-se arruma-sai. Mais um dia de serviço. Mais um dia cinza como qualquer outro. As tulipas continuam lá na estante. Mas não houve ligação, lembranças, conversa, importância, desabafo.
Tudo não passara de um sonho. 

02 outubro, 2012

Uma falta de.

Não consigo me apegar a ninguém. Falo do apego-paixão. Até consigo achar alguém interessante mas quando sinto que estou indo além das minhas limitações, finco novamente os pés no chão como se tudo fosse virando uma armadilha em que eu esteja prestes a cair. E me faço indiferente para proteger a mim mesma, chego a machucar, ferir mesmo. Já fiz e sei que ainda faço muito mal pra quem realmente gosta de mim. É involuntário, é minha defesa, já tentei, juro, mas não consigo ser diferente. Qualquer possibilidade de apego me deixa insegura, incomodada, imprevisível. 
Pra segurar minha mão e andar ao meu lado tem que superar minhas expectativas que nem eu me considero capaz. Não penso ainda em dividir espaço, obrigações, planos, cobertores. Sinto-me imensamente invadida se alguém ao menos ousa ler minha agenda de compromissos, imagine minha vida. Não sou traduzível, não sou simples, não sou fácil. Fujo às regras. E não conto vantagem sobre isso, aliás até acho que não há muita primazia que se possa tirar disto. Mas sou aquela que o tempo moldou.
Gosto de sorrisos, abraços, beijos, carinhos, conversas e laços que não sejam tão apertados a ponto que eu não possa desamarrar. Detesto nós. Detesto tudo que prende. Aprecio a liberdade. 
Só quando as lágrimas molham o papel que escrevo, é que percebo o quando dói admitir que sou incoerente.


22 agosto, 2012

Depois de um ano

Bonito mesmo é essa coisa da vida: Um dia, quando menos se espera, a gente simplesmente supera. 
( Fernanda Mello)

Há um ano o pouco que restava de nós acabou. Com lágrimas e mágoas, eu me lembrava do que fomos, hoje com largos sorrisos comemoro o que deixamos de ser. Aprendi, com muita luta, a viver sem você, a respirar sua ausência e descobri que tudo isso só me fez um grande bem e trouxe de volta uma felicidade que eu nem sabia que existia. Depois de um ano se aprende a caminhar com as próprias pernas e começa a entender que independência é algo absolutamente imprescindível para o amor próprio. Passamos a nos amar quando não mais precisamos do amor de outro para sobreviver. E aprendemos que felicidade está presente em muito mais coisas, e lugares, e pessoas, e momentos do que supunha-se. O tempo acaba curando todas as dores e ser forte não é mais apenas uma teoria a ser seguida. É algo que vem de dentro e que impulsiona a levar a vida em frente, superar perdas e desprezar mágoas.
E eu não imaginava que depois de um ano do nosso fim, tudo estaria assim mais leve, mas bonito, mais florido e eu, bem mais feliz.


29 julho, 2012

O que virá

Minha vista cansa toda vez que penso em escrever sobre você. Meus dedos enrijecem e os pensamentos parecem não querer fluir. Fomos e somos um tanto complicados. Nosso passado não nos deu base para o presente e estou fraca demais para reconstruir planos. Você fala de amor sem sabê-lo exatamente e estou prestes a te dizer que não, você não sabe o que é o amor, entre nós dois há, na verdade, um sentimento indefinido, inexplicável e intenso. Intenso como nós. Intenso como todos os momentos que vivemos.
Não me abrace agora, eu preciso tirar do peito o que sufoca a garganta. Eu preciso gritar para amenizar toda a bagunça residente em mim desde a última vez que nos encontramos. Não consigo te olhar com os mesmos olhos de menina de 3 anos atrás. Eu mudei, você mudou, de formas diferentes mas mudamos. De repente nada mais é o que gostaríamos que realmente fosse e o tempo acaba levando parte de nossos sonhos e fé. 
Não me venha com discursos clichês, já passei dessa fase de acreditar em palavras bonitas e aparentemente verdadeiras sem realmente as serem. Gosto de transparências, elas não falham. Desculpe minha posição exigente e um tanto egoísta, é que as circunstâncias, nesse caso, me fizeram assim.
Torço para que o vento nos traga coisas excepcionalmente boas, e que em uma tarde de um verão qualquer ainda possamos ver aquele por do sol com abraços sinceros e doces sorrisos. Porque sim, eu sei que é possível.


14 julho, 2012

Indestrutível


Cuide de quem corre do seu lado
E quem te quer bem
Essa é a coisa mais pura. 
(Charlie Brown Jr.)

É que eu não queria me sentir balançada, desestruturada, envolvida. Eu não queria acreditar que o nosso amor fosse concreto, mas você faz de tudo possível para fazer dele algo extremamente visível aos meus olhos. Perco o domínio de minhas atitudes e você toma as rédeas da situação. Não tem jeito, lá estou eu a me perder por um caminho sem saber exatamente aonde vou chegar.
Pelo menos segura bem forte a minha mão, eu só não quero me perder de você. A cada dia reconheço que o nosso amor já virou algo inerente a nós.

05 julho, 2012

Saudade


Não que fosse tão difícil de suportar, mas é que às vezes sinto uma saudade absurda de você. Torceria de pé para que tudo isso não passasse de uma hipérbole, mas o aperto no peito me confirma que não e começo a achar arriscado todo esse sentimento escondido, que eu nem sabia que tinha. Digo arriscado no sentido de não saber em que estágio estamos. Ah claro, porque muitas vezes nos fazemos de cegos, surdos e loucos para fingir que somos imune ao amor, como se isso fosse realmente possível. Então você vai para algum lugar que desconheço e fica por lá uns dias. Enquanto eu, fico aqui a ler livros contemporâneos, revistas de moda e culinária e assistir a uns filmes de comédia-românticas já que nada mais me resta além de uma reles férias de quinze dias. 
Bem no meio da noite, quando os cobertores sabem exatamente a função de esquentar o meu frágil corpo em um clima de frio, você me liga e diz que está com saudades também. Faço o maior esforço, juro, para que não transparecesse que era tudo o que eu precisava ouvir, mas a essa altura o meu risinho baixo e lascivo já me definiu. Assim como o seu acabou de se definir para mim.
E assim vamos tendo certeza que, de todos os nossos embaraços, distância e saudade ainda são os impasses mais doloridos. 

02 julho, 2012

Caberá ao nosso amor o que há de vir. ♪

Já de tanto teimar comigo, deixei meu outro lado vencer. Deixei me levar por suas palavras e permiti que o amor nos envolvesse. Até deixei você me segurar pelas mãos e me levar pra ver o pôr do sol. 
Quando meu outro lado se pronunciar, juro que te aviso antes. Não esqueça que instabilidade emocional é o meu forte, mas enquanto sou fraca, admito que gosto de você de um jeito inexplicável e intraduzível. 
E caminhamos assim, do jeito que o amor quiser nos levar.

17 junho, 2012

Desordenada

'Como se eu soubesse
Não era amor pra todo dia
Dessa vez eu tive medo
Mesmo assim eu disse sim.' 
(Tiê)

Mas aquele não era o melhor dia para agitações. Não para mim. Mas fui, para que não dissessem que ultimamente ando desarmônica demais com os dias. Sentada na mesa do bar, entre luzes, música, bebidas e pessoas dançando freneticamente sem parar, eu me sinto vazia, perdida, fora do ritmo que toca ao fundo. Meus olhos se movem de um lado ao outro procurando alguma coisa que faça sentido, que justifique a minha presença ali, mas não havia nada, nem ninguém. Não, não era possível que eu estivesse me sentindo sozinha com tantas pessoas ao meu redor, mas nós sabemos que solidão vem de dentro. Masquei um chiclete, cruzei as pernas, movimentei os pés, tomei um drinque, me levantei e saí sem me despedir. Eles, os que estavam comigo, haveriam de entender. Peguei um táxi, cheguei em casa, li duas páginas de um livro, tentei dormir, não consegui. Faltava alguma coisa e eu bem sabia que tinha a ver com você. Nossa foto no porta-retrato denunciava minha insônia mas eu não conseguia tirá-la de lá. Na verdade eu nem queria.
De fato essa sensação de não dar continuidade às coisas me deixava desordenada, preocupada com o que viria depois. E esse depois, esse nosso depois de promessas não me dava por satisfeita. Sempre fui intensa e seria difícil de acostumar que o nosso amor, não era amor pra todo dia.





23 maio, 2012

Demasiada independência


'Sei, tanto te soltei que você me quis
Em todo lugar, lia em cada olhar
Quanta intenção eu vivia preso...' (Los Herm.)


Que sentasse ao meu lado e me oferecesse uma xícara de chocolate quente, era o que eu queria agora. Compreensão e paciência que viessem acompanhadas. Desejaria que minhas escolhas fossem irrefutáveis, mesmo sabendo que não seria possível, não neste momento, mas eu preciso finalizar uma história que nem começou. Nossas flores tentaram brotar no inverno, mas não sou de misturar estações, então cada coisa no seu lugar. E eu, ultimamente, ando preferindo a chuva. Que devo pensar melhor, rever o que bem pouco passamos e voltar atrás, fico pensando se me dirás coisas desse tipo e faltaria coragem minha pra dizer que sou segura o bastante em minha decisões. Mesmo que nem sempre seja verdade, admito, mas nesta hora haveria de ser. 
Motivos que você me deu, motivos que eu mesma me dei, agora não importa, meus pés há muito tempo caminham em busca de liberdade, já que meu coração está arranhado demais para se entregar. Não vou te pedir pra me entender, sei que sou um tanto incompreensível e isso não me abala mais. E pelo apreço que tenho por ti, só peço que se cuide.
Agora, olhando as cortinas marrons que escondem as janelas do meu quarto, desejei eu mesma, buscar meu chocolate quente, aos invés de me sentir presa em pensamentos e vontades de alguém que pudesse trazer para mim. Essa demasiada independência que insiste em me acompanhar mesmo nas horas vagas. Ela é a culpada de tudo que não deu continuidade entre nós.

20 maio, 2012

O óculos

Bati em sua porta. Coração acelerado, mãos frias, goma de mascar na boca para disfarçar o nervosismo. Horas atrás estive aqui, lágrimas nos olhos, pés se arrastando até a porta, esta mesma que está aqui em minha frente agora.
Você abriu e me adiantei em pedir um copo d'água para que não tivéssemos assunto inicial. Foi inevitável.
- Olha - ele disse - eu sei o quanto está sendo difícil pra nós dois, mas...
Eu o interrompi, não queria ouvir aquelas palavras novamente. Você sabe, nossa longa história haveria de deixar marcas profundas e seria dispensável tocá-las para experimentar a dor. Ela já estava ali, fincada, cravada no peito.
- Esqueci meu óculos. - Disse fria e seca de forma que ele me olhou assustado. Pensou mesmo que eu estaria ali por um outro motivo. Ou pensou que talvez eu implorasse por mais uma chance. Mas não, eu não chegaria aquele ponto.
Varri os olhos pela sala e vi ele lá, o óculos, intacto, sobre a estante de madeira fina. É, eu o havia deixado mesmo ali, no momento que não queria que as lágrimas embaçassem suas preciosas lentes.
O peguei e saí. Sem me despedir, sem olhar pra trás. Sem dizer que, na verdade, era meu coração que eu esquecera ali, em sua casa, em sua sala, em suas mãos. Um dia quem sabe eu voltarei para buscá-lo também.


10 maio, 2012

Aquela menina


Ficava assim, perdida no tempo, estalando os dedos e cantando uma música lenta, tão lenta que quase não parecia que era mesmo uma música, mas um verso qualquer decorado de algum daqueles livrinhos de poemas simples que a gente encontra facilmente em bancas de jornais. O sol brilhava lá fora e as árvores pareciam ter mais frutos, mais vida. As flores do jardim em frente coloriam a paisagem e os olhos de quem passava por ali. No aquário, aquele que enfeitava a mesinha de centro, os peixes nadavam e dançavam e até pareciam sorrir uns para os outros. O vento era brisa e até parecia carregado de um aroma cítrico-oriental. Tudo, de alguma forma, tinha cor, luz, vida. A única coisa opaca dali era ela, a menina. E não fazia questão de nada, vivia pra si mesma, levava os dias monotonamente e disso se contentava. De vez em quando recebia visitas, estranhas também como ela, e não muito rápidas. Suponho que ela não gostasse de conversar, ou não tivesse muito assunto, qualquer um dos dois seria convincente. Era quase sempre dispersa, com ar de cansaço, um cansaço antigo, decifrável apenas para ela mesma. Ainda podia observá-la daqui, da brecha da janela do meu quarto, a facilidade que ela tinha de ler e se movimentar num ritmo quase acelerado naquela cadeira de balanço do terraço e me perguntava como ela conseguia ler daquela forma. Mas desisti de tentar entendê-la, ela muitas vezes, parecia sem sentido e eu não ia perder meu tempo, não com ela, não tentando decifrá-la. 
Hoje acordei com uma música vinda de lá, não era tão lenta quanto as que ela cantava. Parei para ouvir melhor, era 'If Today Was Your Last Day', de Nickelback e me surpreendi em notar que nós tínhamos alguma coisa em comum. A afeição por essa música. Tanta afeição que ela a repetia sempre que terminava e eu não me cansava de ouvir. Por dentro da música eu ia me encontrando, me perdendo, me encontrando novamente e creio que ela também. Que havia sentido naquelas notas pra mim, isso eu sabia, mas presumo que, para ela, era muito mais que um sentido qualquer, era algo que fugia da realidade e ao mesmo tempo uma reflexão para a vida. Se hoje fosse o seu último dia, e ela tivesse o poder de mudar sua própria história, seu destino, suas escolhas, quem sabe se tornaria mais brilhante, mais feliz. E eu concordaria, sem querer admitir, que no fundo, no fundo, eu me pareço muito com ela. 

04 maio, 2012

Insegurança


" Seria tão bom se pudéssemos nos relacionar sem que nenhum dos dois esperasse absolutamente nada, mas infelizmente nós, a gente, as pessoas, têm, temos - emoções." 

(Caio F.)

Não, eu ainda não estou apaixonada, embora eu tenha todos os motivos do mundo para estar, ou melhor, embora você esteja me dando todos esses motivos. Mas você sabe que faço o tipo menina-séria-durona-complicada que bate de frente com qualquer possibilidade de apego. Essa minha inabilidade com sentimentos não me permite ir além do que deveria. Do que me espera.
Tenho constantemente a impressão de que, inclusive, estou indo longe demais, e, por vezes, te deixo guiar meus passos. Mas só até um certo ponto, porque passar do limite definitivamente não caberia a nós. Pelo menos não ainda. E se não for pedir muito, tenha paciência comigo. Não sou muito fácil e também não estou com pressa.
Perdoe a minha precariedade de disposição afetiva, é que ainda não estou segura o bastante para acreditar que o amor possa estar batendo em minha porta. Mais uma vez.

30 abril, 2012

Peço desculpas pela falta de atualização do blog esses dias. O tempo anda muito corrido.
Saudadeees do blog de todos, prometo dar uma passadinha em cada um  e atualizar os meus posts logo, logo.

Beijoos mil.;*

20 abril, 2012

Os dias que não posso evitar


Prever algo só faz sentido se for bom. Não é o meu caso. Nada mais faz sentido e sentir-se perdida no meio de um quarto cor-de-rosa com um leve cheiro de jasmins vindo daquele incenso que pus sobre a cômoda de livros, já é algo que faz parte da minha rotina. Sinto algo que vai muito além de previsão e mais ainda de pressentimento, a fraqueza que absorve cada pedaço do meu corpo e da minha mente, quando penso que irei passar por mais uma fase funesta da minha vida. E o pior, sem ter pra onde correr.
Ninguém desconfia desse meu lado debilitado de ver e viver as coisas, faço questão de fingir sorrisos e simpatias, e acima de tudo coragem. Meu orgulho quase sempre nunca falha, é ele que me dá forças pra seguir a estrada de cabeça erguida e peito estufado, embora minhas pernas não saibam ainda que direção seguir. Sou estrangeira em terra de alegria, vim de lá dias atrás e não sei quando volto. Também não sei para onde vou. Só sei que não quero ir, embora minhas vontades não me obedeçam há tempos. 
Fecho os os olhos, sinto na boca o gosto salgado das lágrimas que imploraram para serem derramadas. Paciência-soluços-paciência-força-paciência-fé-paciência-calma-paciência-suspiros. É preciso que antes do tudo e nada, haja paciência pra enfrentar os próximos tortuosos dias, levando em consideração que paciência pra mim nunca foi algo tão fácil de se ter. 
Sempre soube que escolhas erradas nunca levam a um bom lugar. E hoje me encontro aqui, em um lugar em que não queria estar, fazendo o que não queria fazer, com sentimentos que não queria sentir. Tarde demais. Levar até o fim é o meu máximo, não posso desistir. Ainda que seja preciso retirar desesperadamente qualquer sobra de coragem e esperança de algum esconderijo perdido dentro do meu âmago. Que há de ter.
Amanhã, mais um dia. Mais uma luta. Mais um pesar. Mais uma inútil tentativa de olhar o meu mundo com outros olhos.

16 abril, 2012

O que sobraria de nós

De mais ou menos eu não queria. Assim estávamos nós. Às vezes mais, às vezes menos. Muito menos do que mais e esse estado inconstante já estava sendo maçante demais pra mim. Eu sei que tudo se resumia em uma ausência de compreensão e muito mais de paciência pra nós dois. E eu não queria chegar num ponto crucial, o ponto em que os nossos olhares não suportassem mais se cruzar. 
Você pensa que não, e nem tenho razão pra mentir, mas gosto muito de você. Eu sei que é difícil entender quando os interesses não vão ao mesmo encontro, mas existem sentimentos que nem sempre e nem todos são capazes de traduzir. Eu não entendia teu sentimento, você não entendia o meu e tudo isso situava-se num plano muito mais alto que a nossa própria razão. Razão esta que nem tínhamos mais. Prevíamos uma coisa que não tínhamos coragem de fazer. Ou tínhamos medo. Não sei.
Era preciso que alguma atitude fosse tomada, então dei o primeiro passo. Acabou. O pouco que restava entre nós, acabou. Para que não nos acabássemos, embora fosse quase inevitável pra você, era preciso que o nosso quase-relacionamento chegasse ao fim. E digo 'quase' porque pra mim nunca foi consumado, tudo foi acontecendo independente das minhas vontades.
Olhar em seus olhos daquele dia em diante não seria fácil, mas eu sei que alguma coisa boa, depois de todo esse tempo, haveria de ficar entre nós. Quem sabe as boas lembranças, os bons momentos, os sorrisos, os presentes, as cartas, ou somente mesmo a saudade.  
Sem dores sigo agora o meu caminho. Sem dores espero que você siga o seu. E que algum dia, ao nos encontrarmos novamente, seja com largos sorrisos e abraços sinceros que nos cumprimentaremos e, sem ressentimentos, vamos lembrar de tudo e ter a certeza de que fizemos a escolha certa.

23 março, 2012

Chuva de fim de tarde

Só quando começou a chover, percebeu que esquecera o guarda-chuva em cima da mesa de vidro de sua sala normalmente bagunçada no fim do expediente às sextas-feiras. Mas já caminhava cerca de 15 minutos, e se voltasse para buscá-lo, seria a mesma circunstância de continuar andando até chegar em casa, todo molhado. Então preferiu seguir em frente. Os passos, ora aceleravam, ora diminuíam, tudo ia de acordo com a velocidade daqueles pingos gelados e incessantes. Foi quando, do outro lado da avenida, entre carros e motos e outras pessoas, notou que alguém caminhava ainda mais rápido que os seus próprios passos. Braços segurando o próprio corpo e, volta e meia, jogando a fina franja molhada pra trás, era assim que ela seguia sua apressada trajetória. Olhou pra ele também e sentiu a sensação de que o conhecesse de algum lugar, ou que pelo menos já o teria visto em algum lugar, talvez na cafeteria da esquina ou mesmo na livraria que havia inaugurado há umas três semanas. Como de praxe, ela entrou na padaria para comprar seu pedaço de torta de limão com calda de chocolate e ele mais que depressa atravessou a rua.
Torta de limão é mesmo incrível. –Ele falou como quem não tem o que dizer, mas anseia puxar assunto.
A calda de chocolate, nesta aqui, é que faz a diferença, e, portanto minha preferida. - Ela sorriu meio sem graça. Não tinha o costume de falar nem sorrir para desconhecidos, mas se sentiu à vontade pra falar de uma simples preferência sua.
Vou esperar a chuva passar. Já basta a sinusite, pegar um resfriado agora não ia cair bem.
É, definitivamente não estou a fim de passar o final de semana inteiro de cama. Vou esperar também.
E ficaram imóveis, mudos e centrados apenas nas poças d’água que se formavam no chão.
Enquanto isso milhões de memórias norteavam a mente dele, não sabia seu nome, endereço ou telefone, mas queria de alguma forma ficar perto dela, oferecer seu casaco azul-marinho que estava perdido em sua mochila, mesmo sem saber ao certo se ela gostava de azul, mas pensou que a cor não seria o mais importante naquele momento, queria também arrumar sua franja molhada, e levá-la em casa, e dar-lhe um abraço e, se talvez não fosse pedir muito, dar-lhe-ia um beijo também. E fecharia sua porta. E dormiria feliz. E no outro dia ligaria para saber como ela está e se aceitaria o convite de irem juntos ao cinema no final da tarde. E logo após, tomariam um cappuccino na cafeteria da esquina, a melhor da cidade. E voltariam felizes pra casa. E os outros dias se resumiriam também em telefonemas, saudades, encontros. E lembrou-se de um trecho da sua música preferida de Maroon 5 – “Ask her if she wants to stay a while and she will be loved...” – e não teve coragem de perguntar absolutamente nada.
Um sorriso leve desenhou os lábios da moça, como quem diz ‘estou indo’, e estava indo mesmo. Agora chuviscava, apenas.
Espere, espere, será que eu posso ao menos... – Mas percebeu que já era tarde ou estava distante demais para articular algum pedido, gesto, palavra, sequer. Talvez, quem sabe – pensou - ela esteja aqui amanhã novamente, para comprar um pedaço de sua torta preferida. E por coincidência forçada minha, eu também esteja aqui, nem que seja para passar a chuva.
Tomara que chova amanhã.


11 março, 2012

O tempo que precisei

Não, eu não quero te iludir e nem te machucar. Mas precisei desse tempo para rever a mim mesma. Foi necessário e continua sendo. Eu constantemente lembro de você, sinto tua falta, ainda escuto aquela música que você disse ser nossa, e sinto saudades. Gosto de tudo que você me deu, principalmente daquele colar com um pingente de trevo, que talvez tenha sido intencionalmente pra dar sorte, não sei. Estou ciente que nosso ciclo é precisar um do outro, de uma maneira que só a gente conhece. Eu te preciso hoje, você me precisa amanhã, depois de amanhã a gente flui.
O problema é que estou numa fase meio-desinteressada-das-coisas. E das pessoas. Não quero ser cobrada, não quero dar satisfações, não quero fazer alguma coisa por vontade de alguém, nem deixar de fazer por esse motivo também. Não quero fazer nada por obrigação. Não quero discutir, não quero brigar. Não quero sentir ciúmes, não quero ver todo dia, falar todo dia. Não quero me prender. Acontece que ultimamente tenho pensado muito em mim, e esta foi a melhor maneira de me sentir bem. Pense em você, se sinta bem também. E vamos deixar que as coisas aconteçam naturalmente, sem exigências, sem pressa. O amor não tem pressa. Eu também não. Que tudo aconteça quando tiver que acontecer, no momento certo.
Não vou desistir da gente, até porque nos conhecemos há anos, e anos não são dias, anos são momentos e momentos fazem história. Eu tenho uma história com você e de uma forma ou de outra, vamos dar continuidade a ela.
Sonhei com você hoje. Você estava tendo um ataque de ciúmes, o que não é novidade pra mim. Mas também estava lindo, e o seu sorriso brilhava depois que eu te pegava pela mão e dizia que você estava sendo bobo demais agindo assim, e nos dávamos o melhor abraço do mundo. E acordei lembrando do dia que você disse que estaria do meu lado sempre, não importando os apesares que provavelmente surgiriam.
Então pensaremos que esse tempo é apenas um 'apesar'. E que independente de qualquer coisa, a gente vá seguindo em frente, sempre com a nossa secreta harmonia.


07 março, 2012

Trecho de 'Visita' em O Ovo Apunhalado

"... E procurasse o cheiro dele pelos cantos do quarto, e o chamasse com dor pelo nome, o nome que teve, antigamente, e nada encontrasse, porque tudo se perde e os ventos sopram levando as folhas de papel para longe, para além das janelas entreabertas sob o telhado onde não restam mais migalhas para os pássaros que não vieram nunca. Mas não choro, mesmo que de repente me perceba no chão, buscando uma marca de sapato, um fio de linha ou cabelo, os cabelos dele caíam sempre, ele os jogava sobre os telhados pelas tardes, repetindo nunca mais, nunca mais, e acreditávamos que um dia seríamos grandes, embora aos poucos fossem nos bastando miúdas alegrias cotidianas que não repartíamos, medrosos que um ridicularizasse a modéstia do outro. (...) Tudo passou e é inútil continuar aqui, procurando o que não vou achar, entre livros que não me atrevo a abrir para não encontrar o seu nome, o nome que teve, e certificar-me de que a vida é exatamente esta, a minha, e que não a troquei por nenhuma outra, de sonho, de invento, de fantasia, embora ainda o escute a dizer que compreende que alguns outros devem ter sentido a mesma dor, e a suportaram, mas que esta dor é a dele, e não a suportaria, e saber que tudo isso se perdeu como o calor do chá de jasmins esquecido sobre o piano, e então."

Caio Fernando Abreu


06 março, 2012

Acorda amiga.
Chega uma hora da vida que você tem que desapegar. De certas coisas, certas pessoas, certos costumes. E se provavelmente você não fosse assim tão afetiva, seria bem mais fácil. 


27 fevereiro, 2012

Inesperadamente

E eu mais uma vez aqui me sentindo uma idiota porque respondi suas mensagens. Eu queria conseguir explicar pra mim mesma porque raios eu não consigo te ignorar totalmente. Você que me excluiu da sua rede social, do seu círculo de amizades, da sua família, da sua história, da sua vida, chega do nada, inesperadamente, e fala qualquer coisa banal, meio que pra puxar um assunto só pra ter uma desculpa pra falar comigo, e eu do nada não hesito em te responder. E nunca entendo o porquê. Respondo também qualquer coisa banal, e o assunto flui como se você tivesse a mesma importância que o meu melhor amigo que almoça comigo todos os domingos.
Você finge que se preocupa comigo, que se importa com o que faço, com quem ando, com quem falo, e eu vou fingindo que acredito, mas não deveria. Essa coisa de fingimento é muito falsa e eu sou verdadeira demais pra vivenciar este tipo de situação. Eu deveria mesmo era te ignorar, não foi assim que você fez quando tudo acabou?!? Tudo não, quem se acabou foi somente eu. Aí depois eu consegui traçar uma nova linha de uma nova etapa da minha vida e fui ficando feliz de novo. Mas cada vez que você interrompe esse processo, ou cada vez que não consigo te tratar com indiferença quando isso acontece, eu me sinto a pessoa mais fragilizada do mundo, e mesmo comendo uma barra inteira daquele meu chocolate preferido não faz eu me sentir melhor.
Eu já superei todo aquele sofrimento, e até já superei o vício de falar de você pra alguém. Eu só não consegui superar um sentimento que não sei dar o nome, que não é amor mas também não é ódio e muito menos saudade, e que eu sinto apertar no peito toda vez que vejo você. Acho que é o orgulho que aperta e nem sempre consigo dominar, embora fosse preciso.


15 fevereiro, 2012

Meus amooores, ando um pouco afastada daqui por questão de falta de tempo. Então peço desculpas e aviso de antemão que tudo voltará ao normal após o carnaval.

Saudadeees do blog de todos, assim que voltar prometo dá uma passadinha em cada um.

Beijos graaandes.

02 fevereiro, 2012

(Re)conhecer

Pra disfarçar as dores que trazia comigo e também o cansaço dos dias, eu sempre estampava um sorriso no rosto, procurando assim a melhor forma de não deixar que os outros soubessem do meu lado triste, amargo e frustrado. Mas depois que passei a reconhecer você, sim porque eu já o conhecia, as coisas estão tomando rumos imprevisíveis. É que agora eu já consigo ver o lado mais bonito que você tem, que apesar de todo aquele ciúme e aquelas bobagens que tanto me irritam, eu reconheci que você vai muito além disso. 
Sem expectativas exageradas, muito menos ilusões, eu sei que a gente de alguma forma dá certo. Não sei até quando, nem como será o suceder dessa nossa singela relação, mas que saibamos aproveitar cada momento e jamais esquecer que reconhecer os erros e acertos nunca foi degradé.


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" É só que dessa vez eu queria muito que fosse diferente. Dessa vez, com você, eu queria que desse certo." (Caio F.)


22 janeiro, 2012

Deixar fluir


Eu até estava indo bem, muito bem por sinal. Até alguém vir me falar de você. Meu Deus eu não quero mais ouvir, pensar, falar de você, tocar no seu nome, lembrar que você existe. Mas sempre tem alguém pra relembrar o que há tempos tento esquecer. Tento não, eu já até consegui, já está superado e eu só não gosto de lembrar. Opção minha.
Estou seguindo minha vida, que antes eu não entendia, mas hoje eu vejo que é bem melhor sem você. E estou me expandindo, evoluindo, rompendo com memórias nostálgicas e com tudo que tenha a ver com um-passado-não-muito-distante-que-me-fez-sofrer. 
Então eu só peço licença às pessoas que insistem em buscar episódios do fundo do baú e trazer à tona com alguma intenção de me atingir. O fato é que eu não quero saber, não mais. Não mesmo. O que aconteceu ou que deixou de acontecer não me interessa mais. Aliás, nada que tenha a ver com você não me importa mais há tempos. 
Eu sempre sonhei com o dia que iria dizer isso de cabeça erguida e consciência limpa. E acho que o segredo foi somente me deixar fluir. 
Estou, apesar dos apesares dos dias, fluindo tão bem...

10 janeiro, 2012

Madrugada

Eu ainda sento no sofá da sala, quase sempre madrugada quando não tem nada nem ninguém pra incomodar. Seja com som e luz, ou não, eu sou do tipo que gosta de um pouco de solidão. Parece que ela nos empurra pra dentro de nós mesmos e eu acho isso até um certo ponto agradável.
É janeiro e estou esperando o inverno chegar. Não gosto de chuva, mas gosto daquele clima nublado e de frio que envolve a gente. É que eu ando assim, meio envolvida pelas emoções, involuntariamente, porque eu queria mesmo era estar de pés no chão, firme e forte. Mas não, eu não estou assim. Eu sequer estou lutando pra ficar assim. E não me pergunte o porquê. Eu não saberia explicar.
E fico pensando que se você estivesse aqui dividindo esse sofá, essa madrugada, esse mês, esse quase-inverno, comigo seria diferente. Mas espere. Eu não te quero aqui, mas você nunca me obedece e mesmo sem licença invade de novo meu subconsciente. Eu já até botei uma música, depois fui ler um livro, depois fechei os olhos e fingi dormir pra não te dar atenção.
São 5:15 da manhã. Eu nem penso mais em dormir e nem fingir. Tomo banho, faço meu café e vou para o serviço. Não me acompanhe, por favor. A madrugada já foi longa demais e eu preciso do dia leve, novo e inteirinho pra mim. Eu preciso do dia sem você abstrato, pelo menos até as próximas 3:00 da manhã novamente.


03 janeiro, 2012


Ele é cheio de garotas e pela primeira vez na vida sorri ao pensar isso. Tá certo ele. Bonitão, rico, engraçado e safado. Que mulher não se apaixona por ele?
Eu. Eu não me apaixono mais por ele. O que significa que agora podemos nos relacionar. O que significa que agora, posso ficar tranquilamente ao lado dele sem odiar meu cabelo e minha bunda e minha loucura. E posso vê-lo literalmente duas vezes ao ano, sem achar que duas vezes na semana são duas vezes ao ano. E posso vê-lo ir embora, sem me desmanchar ou querer abraçar meu porteiro e chorar. Consigo até dar tchauzinho do portão. Tchau, vou comer um pedaço de torta de nozes e assoviar. Tchau, querido mais um ser humano do planeta.


(Tati Bernardi)

02 janeiro, 2012

Selinho Comemorativo

01 janeiro, 2012

Para um bom começo de ano


Início de mais um ano e a vontade de que tudo seja diferente. Eu quase chorei hoje, confesso. Acho que essa mistura de passado, presente e futuro acaba causando uma confusão interna, quase que inexplicável.
Mas para um bom começo de ano eu resolvi deixar as lágrimas no passado, ou pelo menos adiá-las, já que nem sempre será possível contê-las.
Eu só não quero me perder por um caminho que não tenha saída. Até porque já estou percebendo que certas coisas estão acontecendo depressa demais e não tenho certeza se é assim que eu quero, sabe?!? Eu não quero me decepcionar e também não quero decepcionar ninguém. Chega de decepções, chega de mágoas, chega de qualquer coisa que leve ao sofrimento. Prometi que ia começar o ano com o pé direito, e dessa forma quero ir até o final dele.
Não quero sentir que as coisas são estranhas, não quero duvidar de bons sentimentos manifestados pra mim, não quero exigir nada de ninguém e nem esperar mudanças que sejam feitas por mim também. Chega disso, até hoje nada disso deu certo. Eu quero é que as coisas aconteçam naturalmente, sem pressa, sem medo, sem dor.
Só quero segurar a mão de quem seja limpo, verdadeiro e fiel. E que eu me poupe de quem não é.
Estou com todos os sentimentos bons do mundo para oferecer, desde que, ao meu lado, eu tenha pessoas suficientemente boas para compartilhar.