17 junho, 2012

Desordenada

'Como se eu soubesse
Não era amor pra todo dia
Dessa vez eu tive medo
Mesmo assim eu disse sim.' 
(Tiê)

Mas aquele não era o melhor dia para agitações. Não para mim. Mas fui, para que não dissessem que ultimamente ando desarmônica demais com os dias. Sentada na mesa do bar, entre luzes, música, bebidas e pessoas dançando freneticamente sem parar, eu me sinto vazia, perdida, fora do ritmo que toca ao fundo. Meus olhos se movem de um lado ao outro procurando alguma coisa que faça sentido, que justifique a minha presença ali, mas não havia nada, nem ninguém. Não, não era possível que eu estivesse me sentindo sozinha com tantas pessoas ao meu redor, mas nós sabemos que solidão vem de dentro. Masquei um chiclete, cruzei as pernas, movimentei os pés, tomei um drinque, me levantei e saí sem me despedir. Eles, os que estavam comigo, haveriam de entender. Peguei um táxi, cheguei em casa, li duas páginas de um livro, tentei dormir, não consegui. Faltava alguma coisa e eu bem sabia que tinha a ver com você. Nossa foto no porta-retrato denunciava minha insônia mas eu não conseguia tirá-la de lá. Na verdade eu nem queria.
De fato essa sensação de não dar continuidade às coisas me deixava desordenada, preocupada com o que viria depois. E esse depois, esse nosso depois de promessas não me dava por satisfeita. Sempre fui intensa e seria difícil de acostumar que o nosso amor, não era amor pra todo dia.