27 maio, 2011



"Para me refazer e te refazer volto a meu estado de jardim e sombra, fresca realidade. Mal existo e se existo é com delicado cuidado. Em redor da sombra faz calor de suor abundante. Estou viva. Mas sinto que ainda não alcancei os meus limites, fronteiras com o quê? Sem fronteiras, a aventura da liberdade perigosa. Mas arrisco, vivo arriscando. Estou cheia de acácias balançando amarelas, e eu que mal e mal comecei a minha jornada, começo-a com um senso de tragédia, adivinhando para que oceano perdido vão os meus passos de vida. E doidamente me apodero dos desvãos de mim, meus desvarios me sufocam de tanta beleza. Eu sou antes, eu sou quase, eu sou nunca."

(Clarice Lispector)

Nenhum comentário:

Postar um comentário

"Venha quando quiser, ligue, chame, escreva - tem espaço na casa e no coração, só não se perca de mim". CFA